Primeiro foi a seca a levar milhares de cangurus a deslocarem-se em busca de alimentos em vários estados da Austrália, principalmente no estado de Queensland, onde em muitos casos grupos de animais invadiram vilas e cidades em busca de alimento que encontravam nos jardins. Agora, depois de chuvadas intensas, os animais fazem a viagem em sentido contrário, para os seus territórios ancestrais, e no caminho destroem as plantações agrícolas por onde vão passando, seja devorando os próprios alimentos plantados, seja devorando a erva que vai crescendo e que será destinada aos animais das mesmas explorações agrícolas.

Nos últimos tempos, a Rússia, um dos grandes importadores de carne de canguru, suspendeu a importação dessa carne, e muitos dos animais que eram legalmente caçados e que ajudava a controlar os números nas zonas habitadas, leva agora a que haja muito mais animais adultos em redor das zonas urbanas, onde se situam estas explorações agrícolas, o que ainda vem piorar a situação. Outro problema é o pó. As ervas ajudam a manter a terras, mas como ao passar os cangurus acabam por comer toda a vegetação disponível, quando faz vento muitas poeiras são levantadas, acabando naturalmente por se depositar nas zonas habitadas, o que vem a ser um problema adicional para as populações.

Mas se em algumas regiões (como é o caso de Queensland) o número de animais aumentou significativamente, noutros (como na região da Nova Gales do Sul), as populações de várias espécies de cangurus cairam significativamente, pelo que foi necessário suspender as licenças de caça, na esperança de que os números voltem ao normal.

Na Austrália não existe consenso sobre o número de cangurus que habitam o território. Algumas organizações de direitos dos animais reclamam sobre o fim da caça destes marsupiais, porque isto poderá levar à extinção de algumas espécies. Por outro lado, as autoridades afirmam que no território existirão mais de 25 milhões de animais a viver em estado selvagem e que, com os problemas das catástrofes naturais que assolam a Austrália, é preciso manter o equilíbrio das espécies, passando por isso muitas licenças de caça para fazer esse controlo.

Um problema sempre complicado, num país onde os direitos dos animais são levados muito a sério, mas onde os problemas ambientais se sobrepõem muitas vezes à vontade das autoridades, que se debatem com outras pragas, como os coelhos ou os dromedários. Estes foram para lá levados pelos colonos e acabaram por se tornar um problema adicional, estimando-se que existam a viver em liberdade mais de 600.000 dromedários que destroem florestas inteiras por onde vão passando, na sua busca incessante por alimento. Também os sapos-cururu continuam a dar trabalho extra às autoridades, já que têm infestado todo o território como uma grande nuvem imparável, deixando no caminho um rasto de destruição das espécies de répteis autóctones, incluindo os grandes crocodilos-de-água-salgada, que acabam por sucumbir ao alimentar-se destes sapos.

Não se trata de um tipo de incidente vulgar, mas foi o que aconteceu num rancho perto da cidade de Sidney, no condado da Nova Gales do Sul, quando um grande canguru-vermelho invadiu a propriedade da vítima, depois de saltar por cima da cerca.